No início, os humanos tinham quatro pernas, quatro mãos, duas faces, quatro orelhas, dois órgãos sexuais e eram fortes como os deuses. Com receio que escalassem o céu para lutar contra eles, as divindades pensaram em exterminá-los. Mas, se fizessem isso, não restaria quem os idolatrasse. A solução foi, então, cortar os humanos em dois "como se faz com os linguados", escreveu Platão em O Banquete. Desde então, os humanos buscam sua alma gêmea, essa metade perdida.
A bonita história da mitologia grega traz uma ideia tão errada quanto popular - a de que relacionamentos dão certo quando as pessoas são parecidas. Estudos identificam que, de fato, casais tendem a compartilhar certas características, como posição política, religião, condição social e valores. Mas talvez esses casais estejam juntos não porque têm muito em comum, mas porque se conheceram em ambientes onde certas características são compartilhadas, seja na igreja, faculdade, trabalho ou bar.
Porém, em um mesmo grupo há pessoas com personalidades distintas, e mesmo assim elas podem se unir. A pergunta que vale, então, é outra. Pessoas de personalidades parecidas desenvolvem relacionamentos melhores? Alguns estudos concluem que sim. Outros dizem que os opostos se atraem. E outros explicam que pessoas parecidas se dão bem a curto prazo, pois se conectam com mais facilidade, mas não a longo prazo, já que personalidades diferentes dividiriam melhor tarefas e evitariam o tédio.
Bem, estudo tem de monte. Mas um outro, da Universidade Humboldt, Alemanha, chama a atenção. Ele analisou cem casais e concluiu que a resposta não está no parceiro, mas na própria pessoa. Dos traços de personalidade, o que mais influiu foi sociabilidade, a disposição a cooperar e resolver problemas. Outro fator que conta é a qualidade da relação com amigos e parentes - gente satisfeita com aqueles próximos também tem um relacionamento melhor. Em suma: compatibilidade de amantes é algo superestimado. O que importa é como você é.
Fonte: Revista SuperInteressante
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