O segredo da felicidade segundo a ciência

Ser feliz não é comer o prato que você mais gosta ou gozar de uma vida plena e tranquila; a ciência mostra que a chave para a satisfação pessoal é fazer coisas arriscadas e até mesmo arriscadas.

O que você olharia se tivesse apenas três dias de visão?

Helen Keller (1880-1968), uma mulher extraordinária, cega, surda e muda desde bebê, nos chama a atenção para a apreciação de nossos sentidos, algo que normalmente não percebemos.

Quatro dicas da ciência para você perder peso

Fazer dieta não é bom: te deixa triste e mais gordo. Então para perder peso sem perder a alegria, a ciência entrega algumas dicas bem mais fáceis.

Pessoas Inteligentes

Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia...

Como ELE pensa. Como ELA pensa.

Quase nunca se perde. Sabe para onde seguir e como conduzir seus pensamentos para chegar a um objetivo. Assim funciona a cabeça dos homens.

21 de abril de 2015

QUER SER INTELIGENTE? CORRA!

 
Quem achou que ia cochilar na palestra do psiquiatra John Ratey ficou decepcionado. Ele fez seu público, composto por 1.100 dos principais educadores do mundo, exercitar-se ali mesmo. “Corremos sem sair do lugar por 20 segundos, depois descansamos 10 segundos e então repetimos isso mais quatro vezes”, diz. Parece um começo estranho para a apresentação de um professor da Escola de Medicina de Harvard numa conferência sobre educação. Mas Ratey sabia que esse “aquecimento” jogaria a seu favor: todos ficariam mais atentos e talvez até guardassem melhor o que estavam prestes a ouvir. Na verdade, foi um início perfeito para uma palestra sobre como usar nossos corpos para melhorar nossas mentes.

A  ideia de que os exercícios físicos reduzem o risco de doenças cardíacas, de certos tipos de câncer e até previnem contra diabetes tipo II é bem aceita entre os cientistas. Só que estudos mostram que os exercícios também podem turbinar a mente. Não estamos falando apenas daquele bem-estar vago sugerido por ditados como “mente sã, corpo são”. O que Ratey e outros pesquisadores estão descobrindo é que a atividade física tem profunda influência em uma série de capacidades cognitivas que definem seu QI. Os primeiros estudos a sugerir essa ligação vêm dos anos 1960, mas foi na década de 1990 que Fred Gage, geneticista do Salk Institute (EUA), descobriu que fazer exercícios parecia estimular o crescimento de novos neurônios em camundongos. Na mesma época, o psicólogo Arthur Krame, da Universidade de Illinois, publicou um artigo na revista Nature demonstrando que adultos antes sedentários, ao seguir um plano de exercícios de seis meses, melhoravam o desempenho em testes mentais que exigiam controle executivo. Esse controle é o tipo de concentração que nos ajuda a alternar tarefas sem cometer erros, fundamental para a inteligência. 

Desde então, várias pesquisas confirmam e aprofundam esses resultados. Boa parte examina idosos, cujas habilidades mentais tendem a decair com o passar dos anos. Um grande estudo da Universidade de Munique, por exemplo, acompanhou 4.000 idosos durante dois anos. Aqueles que raramente faziam atividades físicas tiveram mais do que o dobro de chance de sofrer algum comprometimento cognitivo se comparados aos que faziam jardinagem, natação ou ciclismo algumas vezes por semana. Outro grande estudo publicado no periódico The Lancet, que seguiu um grupo de quase 1.500 pessoas durante 20 anos, mostrou que esses efeitos podem ser duradouros. Os indivíduos que se exercitavam pelo menos duas vezes por semana já adultos tinham menos chance de desenvolver demência quando passavam dos 60 anos. Os resultados são um alerta para os preguiçosos: formar hábitos saudáveis hoje pode atrasar o declínio mental décadas no futuro.

Pesquisas com jovens são mais raras, mas há evidências de que as atividades físicas fortalecem a saúde cerebral em todas as fases. Uma delas analisou crianças de 5 a 14 anos em escolas públicas na cidade de Nova York. Em testes cognitivos, os 5% de alunos que estavam mais em forma tiveram notas 36% superiores que o grupo menos em forma. Outro levantamento sobre registros de condicionamento físico de 1,2 milhão de homens que se alistaram nas forças armadas da Suécia entre 1950 e 1976 chegou a uma conclusão semelhante. A pesquisa, que seguiu os dados dos jovens dos 15 aos 18 anos, indicou correlação entre boa forma física na adolescência e o melhor desempenho em testes de inteligência e habilidades cognitivas aos 18 anos.

O conjunto desses estudos está transformando o modo como vemos a relação entre corpo e mente. “Quando comecei a estudar o assunto, achei que houvesse um cérebro saudável básico e as atividades físicas pudessem melhorá-lo”, conta a neurologista Megan Herting, da KeckSchoolof Medicine, em Los Angeles. “Mas agora penso o contrário: as crianças com altos níveis de atividade representam o nível básico de como o cérebro deve ser ativo.” A conclusão de Megan,que estuda o impacto dos exercícios nas crianças, é que eles não são um fator que incrementa a cognição normal, mas são uma condição necessária para que ela exista. 

O que está por trás dessa relação? “As pessoas gostam muito da euforia provocada pela corrida e da clareza mental que sentimos com uma rotina de exercícios”, afirma Brian Christie, neurocientista da Universidade de Victoria, no Canadá. O estresse pode inibir as respostas cerebrais na resolução de problemas, impedindo que o órgão faça as conexões necessárias. “Se você sai para caminhar, seus níveis de estresse geralmente despencam”, diz Christie. O fenômeno pode explicar em parte por que as crianças mais saudáveis também têm melhor desempenho nos estudos.

Os exercícios provavelmente contribuem com mudanças mais permanentes. Por ser um dos órgãos que mais consome energia, o cérebro depende de uma dieta constante de nutrientes e oxigênio, supridos por uma complexa rede de vasos sanguíneos. As atividades físicas encorajam a construção dessas linhas de suprimentos e também facilitam sua manutenção. Matthew Pase, da Universidade Swinburne, na Austrália, descobriu que a pressão alta, especialmente nas grandes artérias centrais que alimentam o cérebro, pode causar falhas no desempenho cognitivo, talvez em consequência de danos aos vasos. Como a atividade física regular reduz a pressão arterial, ela deve proteger o cérebro desses problemas no fornecimento de alimento. Outra forma mais indireta de benefício é o fato de que indivíduos mais atléticos têm menos risco de diabetes e obesidade, problemas que podem gerar um ciclo de reações que contribui para o acúmulo das placas cerebrais em pacientes com Alzheimer.

Quando falamos de mudanças dentro do cérebro, as atividades físicas provocam a liberação de neurotransmissores como serotonina, noradrenalina e dopamina, os mesmos estimulados pelos antidepressivos e medicamentos para hiperatividade. Ou seja, uma corridinha na esteira ou uma pedalada na bicicleta ergométrica pode se parecer com tomar uma mistura de Prozac com Ritalina, explica Ratey. Os exercícios também estimulam a produção de substâncias que regulam o desenvolvimento do cérebro, os fatores de crescimento. Ratey chama essas substâncias de “adubo cerebral”, pois elas criam um ambiente no qual os neurônios podem prosperar e promove a formação de novas conexões.

As origens dessa conexão entre corpo e mente provavelmente estão em uma época remota de nossa evolução. “A atividade física é uma parte importante de nossa história evolucionária. Todo nosso sistema fisiológico se baseia em ser atlético”, afirma David Raichlen, antropólogo biológico da Universidade do Arizona. Talvez a capacidade cerebral tenha emergido para melhorar a busca por alimentos, ele sugere. Quando os animais procuram comida, o aumento de fatores de crescimento no cérebro leva ao desenvolvimento de neurônios e sinapses, o que ajuda a lembrar o caminho para voltar à fonte de comida mais tarde.
Raichlen lembra que os seres humanos têm resistência atlética muito superior à dos outros primatas. Em outras palavras, ninguém jamais veria um macaco correndo uma maratona. À medida que se adaptaram a corridas de longa distância em busca de alimentos, nossos ancestrais teriam vivenciado uma injeção constante dos fatores de crescimento, o que fez os neurônios e sinapses se desenvolverem. É possível que o resultado tenha sido uma explosão na inteligência, defende Raichlen. Ou seja, que parte da razão para a inteligência dos seres humanos esteja no nosso esforço físico.

Independentemente do papel dos exercícios na evolução, suas consequências para o cérebro já começam a ser levadas em consideração. O Departamento de Saúde dos EUA está encorajando as escolas a oferecerem mais aulas de educação física e o Instituto de Medicina do país recomenda que os alunos das séries iniciais façam 30 minutos de exercício por dia e os mais velhos 45 minutos. “Precisamos que as crianças se mexam todos os dias. Além de fazer sentido para a saúde, também aumenta suas notas nas provas”, diz Ratey.

O mesmo princípio se aplica à população mais velha. Exercitar-se é uma alternativa aos jogos de inteligência. Kramer diz que ainda não há evidências suficientes que comprovem o benefício de jogos como palavras cruzadas, já que as melhorias conquistadas não parecem afetar o cotidiano. Por outro lado, os novos programas de exercício, conduzidos durante seis meses ou um ano, tendem a acelerar a velocidade de processamento cerebral e melhorar a atenção e a memória em diversas atividades. Combinar as duas abordagens pode ser a opção ideal.
  




22 de fevereiro de 2015

Você NÃO DEVE PARAR para ler esse texto

Todo mundo sabe que a caminhada é um bom exercício. Mas ela tem um outro benefício não tão famoso assim que pode ser um incentivo a mais para começar essa prática todo os dias: estudos mostram que uma caminhada diária de 20 minutos pode reduzir o risco de demência em até 40%.
Com base nessas descobertas, uma equipe de neurologistas da Clínica Mayo, em Jacksonville, nos Estados Unidos, está recebendo pacientes imobilizados por doenças para estudar se o hábito de caminhar também pode ajudar a evitar o declínio mental.
O Dr. Jay Van Gerpen, que é neurologista nessa clínica, está recrutando pacientes de Parkinson em um estudo para ajudá-los a ficar em pé e manter a saúde do cérebro. Ele explica que essa atividade é de fundamental importância porque “andar a pé é uma janela para o cérebro”.

A importância de fazer caminhada todos os dias

Caminhar regularmente não só ajuda a preservar a função cerebral em pessoas saudáveis, como também protege contra outros danos causados pela demência, Alzheimer e doenças como o mal de Parkinson, uma doença degenerativa que causa tremores, comprometimento de funções motoras e declínio cognitivo.
Além de ajudar as pessoas com Parkinson, uma caminhada diária tem implicações mais amplas para as pessoas que estão desenvolvendo demência em uma taxa epidemia, disse Van Gerpen.
A demência está em ascensão e não apenas porque as pessoas do mundo todo estão vivendo mais, mas também por conta da alta incidência de doenças vasculares. A demência está relacionada à obesidade, pressão alta e diabetes e todas estas condições prejudicam o fluxo de sangue para o cérebro.
“Quando o fluxo de sangue em uma grande veia para o cérebro é bloqueado, uma pessoa tem um acidente vascular cerebral”, explica o Dr. Van Gerpen. “Quando pequenos vasos ficam bloqueados, o tecido cerebral também morre”. E o pior de tudo é que você simplesmente não percebe na hora.

Por que caminhar ajuda?

Andar a pé todos os dias reduz justamente o risco de pequenos acidentes vasculares. Também ajuda a retardar o aparecimento da demência e a proteger as funções que permanecem ativas no corpo – mesmo quando uma pessoa é atingida por doenças como Parkinson.

Casos de sucesso

Nos Estados Unidos, um homem de 66 anos tem mal de Parkinson já há mais de 20 anos. Ele estava usando um andador para se locomover, mas não conseguia ir muito longe. Ele também apresenta sérias dificuldades para falar.
Mas depois de se consultar com o Dr. Van Gerpen, as coisas mudaram.
O médico desenvolveu um dispositivo a laser muito simples que fica acoplado ao andador (ou bengala) dos pacientes e projeta uma linha a um passo de distância. Dessa forma, pacientes com essas doenças de que falamos focam todas as suas energias em cruzar essa linha, e para isso utilizam uma parte do cérebro que não está danificada pelas doenças. Assim, os pacientes, como este homem de 66 anos, conseguem fazer caminhadas sem maiores dificuldades e não só diminuem o avanço da doença, como também ajudam na recuperação do cérebro ao estabelecer novas conexões. Leia mais sobre esse incrível dispositivo aqui!
E o mais legal de tudo é que ninguém precisa esperar nove meses para ver os resultados. A esposa do paciente de que falamos ficou maravilhada ao ver que agora ele está se movendo horas e horas por dia, sem grandes dificuldades.

Robôs

Um cirurgião no Florida Hospital Celebration Health está usando um dispositivo robótico para tratar pacientes com Parkinson e ajudá-los a ficar a andar por conta própria. O neurocirurgião, chamado Nizam Razack, usa uma técnica de estimulação cerebral profunda para ajudar a aliviar os tremores e rigidez causados pelo Parkinson, facilitando a execução de tarefas diárias.
Para conseguir performar essa técnica, ele utilizado o robô Mazor, um dispositivo inteligente que é do tamanho de uma lata de refrigerante. Funciona assim: Razack coloca eletrodos dentro dos cérebros dos pacientes para estimular áreas específicas. Os eletrodos, que ficam no cérebro de forma permanentemente, têm se mostrado excelentes aliados para melhorar a tremores em muitos pacientes.
O Dr. Razack já realizou o procedimento sem o auxílio robótico mais de 1.000 vezes, ele disse, e com o robô apenas 10 vezes – por ser uma nova tecnologia. Segundo ele, o robô é uma outra maneira de fazer o procedimento, e pode ajudar na precisão, sendo uma mão a mais para que os cirurgiões consigam colocar os eletrodos com uma precisão milimétrica absolutamente incrível.
O benefício para os doentes de Parkinson
Ao serem submetidos por procedimentos como este, muitos dos pacientes com Parkinson que não podiam andar, ou sequer segurar uma xícara, agora executam essas tarefas com os pés nas costas. Seu benefício, portanto, é indiscutível.

Como fazer o seu cérebro crescer

Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, descobriram que as pessoas que fazem caminhadas a pé todos os dias são beneficiadas com o aumento em seu hipocampo, uma região do cérebro que controla as novas memórias. E esse aumento é realmente significativos: eles verificaram um aumento de 2% depois de um ano fazendo caminhadas de 40 minutos pelo menos três vezes por semana.

Cá entre nós, está fácil!

Como eles chegaram a esses valores?
Os pesquisadores dividiram 120 idosos com idade média de 66 anos, que não tinham demência, em dois grupos: um grupo de alongamento e um grupo de caminhada. O grupo que caminhou teve um aumento no hipocampo, enquanto o grupo de alongamento não apresentou aumento alguma nessa região do cérebro. Esse estudo é de 2010 e foi publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
Normalmente, essa área do cérebro diminui cerca de 1 a 2 por cento ao ano em adultos, disse o Dr. Jay Van Gerpen, aumentando seu risco de desenvolvimento de doenças como Alzheimer.

Conclusão

Desligue seu computador e vá fazer uma caminhada. Seu cérebro agrade. 

CLUBE DO CARIMBO: Soropositivos pregam técnicas de transmissão do HIV de propósito

RIO - Denominado de “Clube do Carimbo”, um grupo de homossexuais soropositivos se reúne em sites para passar dicas de como transmitir Aids para outras pessoas. A premissa é que se todos tiverem a doença, ela não será mais um problema social. Junto com isso, a prática do bareback, o sexo sem camisinha, misturado com uma dita sensação de aventura faz com que as “carimbadas” aconteçam mais e já se tornem um problema de saúde pública.

Recentemente, um blog que pregava essa prática foi retirado do ar. O “Novinho Bareback” teria sido o local onde foi criado o dito clube. A página trazia fotos e vídeos que mostravam relações sexuais sem preservativo e trazia dicas para a transmissão da doença sem a anuência do parceiro sexual. Mesmo que desativado, as instruções se disseminaram como um vírus pela Internet. Em um dos sites visitado pelo GLOBO, o autor enumera passo a passo de como criar mecanismos para “carimbar” as novas vítimas. Autodenominados de “vitaminados”, os portadores do vírus que pregam a prática on-line também sugerem as melhores épocas do ano, como as férias, para conquistar mais vítimas.

Neste primeiro site visitado pelo GLOBO, após enumerar cinco passos com técnicas para transmitir a doença (com ou sem preservativo), o dono da página afirma que: “Este texto é só uma ideia. Comentado nacionalmente e internacionalmente, um fato que ocorre e que não quer dizer que eu faça isso. Praticar sexo bareback (sem camisinha) não é considerado crime, o que é crime segundo os artigos 130, 131 e 132 do código penal brasileiro, é uma pessoa transmitir doenças sexualmente transmissíveis para outra (com provas concretas), a pena para esse crime é de 3 meses a um ano de cadeia”.

Entretanto, o Código Penal brasileiro deixa claro que a simples exposição, tal como enaltecida na postagem, já é crime.
“Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave”, afirma o artigo 132 da legislação.
Em outro site visitado, os praticantes chegam a marcar encontros em casas noturnas para sexo em grupo de forma que alguns possuem a doença e outros não. Os que não possuem são divididos entre os que sabem que correm o risco de transmissão, chamados de bug-chasers, e os que não possuem ciência disso. Em comentários de outros usuários do site, as orgias mescladas são chamadas de “roleta russa” do sexo.

Segundo o último Boletim Epidemiológico, divulgado pelo Ministério da Saúde, a Aids avança tanto entre homossexuais quanto em heterossexuais. Entretanto, o aumento de infectados entre os gays é bastante superior. Em 2003, eram 4.679 novos casos por ano. Atualmente, são 6.043 soropositivos diagnosticados anualmente.


Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/clube-do-carimbo-soropositivos-pregam-tecnicas-de-transmissao-do-hiv-de-proposito-15406286

25 de janeiro de 2015

A possibilidade do multiverso

Será o nosso Universo só um entre uma multidão de outros, todos parte de um multiverso eterno?

É bom começar explicando esse título que, sem dúvida, deve parecer estranho aos não especialistas.

A ideia é que nosso Universo (com "U" maiúsculo) é só um entre uma multidão de outros universos, todos parte de um multiverso que pode ter existido por toda a eternidade.

Com isso, o que chamamos de Big Bang seria apenas o evento que marcou o início da nossa narrativa cósmica. Outros universos teriam os seus big bangs e as suas histórias.

Existem vários tipo de multiverso, mas todos têm essa característica em comum, de serem genitores de universos. Por exemplo, algumas teorias sugerem que as leis da natureza podem variar de região a região no multiverso. Nesse caso, diferentes universos poderiam ter diferentes leis da física. No momento, essas teorias são mais metafísicas do que físicas.

Em outras teorias, os diferentes universos têm as mesmas leis, mas as constantes da natureza (a massa e a carga do elétron, a massa do próton, a constante que determina a intensidade da força da gravidade etc.) é que variam.

Esta última hipótese vem da teoria de supercordas, a tentativa de construir uma teoria de todas as forças da natureza (são quatro ao todo), a chamada "Teoria de Tudo".

No momento, não temos qualquer indicação de que o multiverso possa existir. Ou, se existir, se poderemos determinar sua existência. É possível que exista apenas o nosso Universo e ponto final. Porém, se for este o caso, temos o problema de explicar por que esse Universo e não outro. Especialmente se levarmos as previsões da teoria de supercordas a sério e concluirmos que o multiverso é inevitável e que um número enorme de universos existe, cada qual com suas constantes físicas e, portanto, com uma física diferente.

Universos como o nosso são comuns entre eles ou raros? Como determinar isso?

Uma resposta óbvia é que, se nosso Universo não existisse, não estaríamos aqui nos perguntando sobre sua existência. Ele existe e pronto. Mas essa resposta não é muito satisfatória, pois estamos programados para buscar explicações finais, narrativas que justifiquem o começo, o meio e o fim de uma história.

É difícil imaginar algo que não tenha tido um início, como o temos nós e todas as formas de vida. Mais difícil ainda é imaginar que algo possa surgir sem uma causa inicial.

A existência ou não do multiverso, para que seja uma questão científica e não filosófica ou teológica, precisa ser determinada experimentalmente, por alguma observação.

No momento, existem tentativas de fazer isso, estudando o efeito sobre dois universos vizinhos que tivessem sofrido uma colisão no passado. Infelizmente, esses modelos ainda são bem simples, e está faltando muita coisa.

Um dos problemas que a ciência enfrenta com esse debate é a questão do infinito. Se teorias afirmam que o multiverso existiu e existirá para sempre, como comprovar isso? Mesmo com o nosso Universo e seu futuro: para determinar se ele existirá para sempre, precisaríamos de um experimento que durasse também para sempre.

A crise aqui vem da colisão entre conceitos como o infinito e as limitações concretas da passagem do tempo da qual a ciência, enquanto obra humana, prescinde.


Autor do texto: MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor de "Criação Imperfeita". Facebook: goo.gl/93dHI

1 de janeiro de 2015

O universo no fundo da mente

Obrigado por trazer minha vida de volta.” A psicóloga Emma Seppala nunca ressuscitou ninguém, mas é isso que ela costumava ouvir logo depois de coordenar uma pesquisa na Universidade de Stanford sobre os efeitos da meditação em um grupo de veteranos de guerra com estresse pós-traumático. Em um artigo publicado em setembro no Journal of Traumatic Stress, ela relata como os níveis de hipervigilância, ansiedade e todos os outros distúrbios do sargento Brody, da série Homeland, diminuem com a meditação.
Médicos indicam a atividade com frequência cada vez maior. Com persistência, dá para se tornar um buda depois de algumas vidas. Mas nem é preciso esperar tanto assim. Mesmo no curto prazo é possível conseguir resultados como “maior concentração e melhora do humor”, diz a neurologista Melissa Castello Branco. 
A prática, que se tornou o foco da tradição budista há 2.600 anos, hoje já adquiriu outras formas. Depois da Segunda Guerra Mundial, era comum que americanos visitassem mestres zen, o que chamou a atenção dos membros da Geração Beat, que popularizou a filosofia budista nos anos 1960. Foi quando o estudo de religiões orientais se tornou comum nas universidades americanas.
Muitos deram uma visão mais pragmática à filosofia oriental, como o cardiologista Herbert Benson, da Universidade Harvard, um dos primeiros a estudar a prática ainda na década de 1960. A partir daí, a porteira das pesquisas sobre o assunto se abriu com o apoio do líder da tradição budista tibetana, o Dalai Lama. Em 2003, Sua Santidade participou de uma conferência no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (M.I.T) e emprestou seu nome ao Dalai Lama Center for Ethics and Transformative Values, da mesma universidade. A quem ainda relaciona meditação com a figura de um monge isolado em uma montanha, sugerimos atenção redobrada nas próximas páginas.
Filosofia > BUDISMO OVERDRIVE
Em 1951, as universidades Princeton e Dartmouth protagonizaram uma emocionante final da liga universitária de futebol americano. Em uma partida sanguinária, Princeton acabou levando a melhor. Depois do jogo, os psicólogos Albert Hastorf e Hadley Cantril, de Princeton, notaram que os jornais das faculdades contavam histórias diferentes sobre o ocorrido, com versões convenientes a ambos. Cientes dos perigos de se confiar na memória, eles exibiram então uma gravação da partida aos alunos. E, mais uma vez, cada um relatou visões distintas. O que os psicólogos concluíram é o que qualquer brasileiro que viu a alegria dos alemães depois do 7x1 sabe: cada aluno assistiu a um jogo diferente, apesar de ele ter sido o mesmo. Ou seja, o cérebro faz com que a realidade seja tão confiável quanto um arquivo .exe. Segundo a tradição tibetana, o príncipe indiano Sidarta Gautama descobriu isso, no século 6 a.C., quando, ao meditar durante anos, concluiu que a origem do sofrimento vinha da falsa percepção que temos da realidade. Foi assim que Sidarta tornou-se Buda — que em sânscrito quer dizer “o desperto” ou “o iluminado”. Segundo o budismo, qualquer pessoa que consiga sair do Facebook, seguir os ensinamentos e meditar o suficiente consegue se transformar em um buda. Mas os benefícios aparecem muito antes. Não é à toa que, segundo pesquisadores da Universidade de Wisconsin, o homem mais feliz do mundo é o monge francês Matthieu Ricard, um doutor em genética molecular que decidiu se dedicar à filosofia tibetana. Os cientistas constataram que, ao meditar, o monge alcançou níveis de atenção nunca registrados antes, o que faz com que ele tenha uma capacidade superior de se sentir feliz.
Buda hi-tech: O monge Matthieu Ricard é considerado o homem mais feliz do mundo, segundo pesquisadores americanos (Foto: University of Wisconsin - Madison University Communications)
Com sede em mais de 40 países, a Nova Tradição Kadampa, uma apresentação moderna do budismo, mostra que é possível explorar o cérebro sem se mudar para o Himalaia. Para o monge Gen Kelsang Togden, diretor desta tradição para a América Latina, o volume de estímulos das novas tecnologias é o gatilho de vários distúrbios. “Quando a pessoa resolve meditar, ela se dá conta de que a mente é como um macaco louco”, explica. “Claro que a pessoa vai se frustrar na primeira tentativa e desiste exatamente por causa do problema que está tentando resolver.” Para ele, se familiarizar com a meditação até torná-la um hábito é a forma mais eficaz de acalmar o primata hiperativo interior. “Qualquer coisa que você nunca tenha feito antes vai parecer estranha no começo — a meditação, talvez, ainda mais, porque faz com que a pessoa olhe para dentro de si”, diz o monge. “Sem disciplina e persistência, não se aprende nem a jogar futebol.”
Criatividade > CÉREBRO SELVAGEM
Depois de assistir a filmes como Veludo Azul e Coração Selvagem ou à série Twin Peaks, não dá para negar que o cineasta David Lynch é um cara criativo. O diretor afirma que a meditação transcendental é a responsável por fazê-lo acessar as ideias mais escondidas do cérebro. A técnica difere do budismo por não ter ligação com nenhuma religião ou filosofia. Assim como na meditação da atenção plena (ou mindfullness), o praticante se concentra em um ponto — um mantra ou um objeto, por exemplo — para melhorar a atenção. No livro Em Águas Profundas (Ed. Gryphus), Lynch escreveu: “Se você quer pegar um peixinho, pode ficar em águas rasas. Mas se quer um peixe grande, terá que entrar em águas profundas”, referindo-se aos vários níveis de pensamento. A distúrbios como a depressão e a raiva, o cineasta dá o criativo nome de Traje de Borracha de Palhaço da Negatividade. “Ele é sufocante. Mas logo que você começa a meditar e a mergulhar mais profundo, ele se dissolve. E, quando se dissolve por completo, você obtém a liberdade.” Pobre Laura Palmer.
 (Foto: Getty Images)


Corpo são > ALFORRIA PARA O CÉREBRO
Desde 2011, o Centro de Saúde Geraldo de Paula Souza, da Faculdade de Saúde Pública da USP, vem implantando um programa de redução de estresse baseado na meditação da atenção plena, aos moldes do que foi criado na Universidade de Massachusetts, em 1979. “As pessoas não vivem o presente, são escravas do pensamento compulsivo, sempre pensando no que vão fazer a seguir. Isso cria um estado de alerta constante, que origina o estresse e, consequentemente, doenças como a hipertensão”, diz o psicanalista Rubens de Aguiar Maciel, coordenador da clínica. “Com apenas uma semana de meditação já é possível encontrar pequenos benefícios. As relações interpessoais melhoram, o que resulta em um efeito cascata”, explica. Também foi pensando na saúde que, em novembro, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, anunciou a criação do Ministério da Yoga, para promover a prática que mistura exercícios físicos com a meditação.
Vale do silêncio > MEDITAÇÃO S.A.
Existe uma razão para os funcionários de empresas como o Facebook e o Twitter passarem parte de seus dias em posição de lótus. E não é porque o Vale do Silício é um recanto de ex-hippies saudosos. “A meditação é como um exercício. Se você medita, vai ganhando aptidão mental e emocional. Com isso, todos os aspectos da sua vida melhoram, incluindo saúde, felicidade e produtividade. É por isso que ela é importante para as empresas”, explica a GALILEU o engenheiro Chade-Meng Tan, autor do livro Busque Dentro de Você (Editora Novas Ideias). Funcionário número 107 do Google, onde trabalha desde 2000, Meng já ajudou mais de mil colegas a encontrar o caminho da felicidade, através de exercícios mentais e de respiração, baseados no budismo. Em um artigo, o biógrafo de Steve Jobs, Walter Isaacson, comentou a influência dessa filosofia na vida do empresário. “O foco foi uma característica arraigada na personalidade de Jobs, e foi aperfeiçoado com seu treinamento zen. Ele filtrava incansavelmente o que considerava ser uma distração.” Isso refletia, inclusive, no design simples dos seus produtos — e, talvez, até na predileção pela recorrente camisa preta de gola alta que usou durante anos. Em uma prática que prega o bem, é irônico pensar que, em um ambiente competitivo como o do trabalho, os benefícios da meditação possam ser usados para conseguir vantagens em cima dos colegas. Para Meng, isso é possível. “Na tradição que eu venho [budista], temos uma palavra para isso: miccha samadhi, que significa ‘concentração errada’”, explica. Segundo o engenheiro, isso acontece quando o treino da meditação não é feito de forma correta.  Por isso, é importante aprender com pessoas que estejam preocupadas em transmitir os valores da compaixão e da sabedoria, tornando a prática completa. Mas nem todos pensam assim. Em uma entrevista à Bloomberg, o autor do livro Evolving Dharma: Meditation, Buddhism, and the Next Generation of Enlightenment (sem tradução no Brasil), Jay Michaelson afirma que samurais e pilotos kamikaze meditavam para melhorar suas capacidades homicidas. De qualquer forma, não há dúvidas de que o ambiente no trabalho fica mais acolhedor quando ninguém corre o risco de ser degolado com uma espada.
Dinastia Meng: O guru informal do Google,  Chade-Meng Tan, já levou a paz a mais de mil funcionários da empresa (Foto: Peter DaSilva/ The New York Times)
>>>FOCA NO TRABALHO
Chade-Meng Tan, o guru da meditação do Google, dá duas dicas simples para aumentar a concentração no expediente
1. “Descanse a mente por pequenos períodos de tempo. Por exemplo, quando estiver indo ao banheiro ou esperando algum programa abrir no computador, volte sua atenção para a respiração, que seja um suspiro apenas. Faça isso várias vezes ao longo do dia.”
2. “Pratique a gentileza. A cada hora, durante dez segundos, escolha duas pessoas e pense consigo mesmo: ‘Eu desejo que essa pessoa seja feliz, e desejo que essa outra pessoa também seja feliz’. Assim, você desenvolve o hábito mental da gentileza. Isso é ótimo para gestores.”
Paz no inferno > PRISON (MENTAL) BREAK
Se muitos acham “difícil” meditar com as distrações do cotidiano, qual seria a palavra para definir um programa de meditação de dez dias, em uma prisão de segurança máxima? Foi o que aconteceu no Alabama, em 1999, como mostra o documentário The Dhamma Brothers, disponível no Netflix. Dando o spoiler, o diretor do prisídio, Ron Cavanaugh, afirmou ao The New York Times: “Os prisioneiros se tornaram aptos a controlar a raiva.” Como afirma a bióloga do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein, Elisa Kozasa: “Quem medita com regularidade tende a evitar respostas impulsivas.” Apesar do treinamento na cadeia ter sido interrompido por membros da igreja que temiam que os internos estivessem “se tornando budistas”, o programa da psicoterapeuta Jenny Phillips continuou anos depois, mostrando que até mentes no corredor da morte podem encontrar paz interior.
Benefícios > TUDO DE BOM
A psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management Association do Brasil (ISMA-BR), lista os benefícios da meditação no corpo, além da concentração apurada




 (Foto: Revista Galileu)
5 PASSOS PARA O PARAÍSO
Meditar pode não ser tão fácil, mas é mais simples do que se pensa. Veja cinco passos fáceis para se iniciar na técnica da meditação da atenção plena, ou mindfullness
 (Foto: Revista Galileu)
FONTE: http://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2014/12/o-universo-no-fundo-da-mente.html